quinta-feira, 7 de outubro de 2010

TIAGO CARDOSO - LÍNGUA PORTUGUESA

PROFESSOR TIAGO CARDOSO COMENTA A PROVA DE OFICIAL ESCREVENTE (TJ-RS)

A prova de Língua Portuguesa da FAURGS, para o concurso de Oficial Escrevente, do Tribunal de Justiça/RS, apesar de ter sido uma prova bastante cansativa, esteve coerente com o seu Edital de Abertura. Tivemos questões referentes à compreensão do texto, as quais podem ser classificadas como questões médias, no que se refere à dificuldade.

Entretanto, uma questão que me chamou a atenção foi a questão 06. Ela testava, no candidato, a percepção de reescrita de uma proposição e, ao mesmo tempo, a percepção de um recurso coesivo, típico do gênero textual do texto apresentado. Como foi dito em aula, nos nossos primeiros encontros, normalmente, as provas apresentam textos do Gênero jornalístico, o qual possui recursos coesivos específicos e, o uso de discurso direto é um mecanismo muito utilizado por esse Gênero. No entanto, o que me surpreendeu foi a solicitação explícita, por parte da organizadora, de que o aluno fosse capaz de transformar um discurso direto em discurso indireto. Não que isso não esteja ligado ao Edital, está, pois se refere aos mecanismos coesivos (aliás, comentados em nossas aulas no início do curso), mas por fugir um pouco ao que vinha sendo apresentado em suas últimas provas.

Nas demais questões, observamos que a Sintaxe continua como “carro-chefe” em concursos públicos (não só nessa organizadora, mas em quase todas!). Questões de reescrita, para fazermos os ajustes necessários (concordância), substituições de conjunções (por equivalentes ou por diferentes, para percebermos seu papel semântico, dentro do período composto), uso da vírgula (como função sintática, não apenas como marcação de ‘pausas’), classificação de palavras (seguindo aspectos morfossintáticos), colocação de pronomes, crase, enfim, todo conteúdo gramatical visto em aula.

Mas é claro: o que vimos nessa prova, foi uma abordagem um pouco diferente, com questões longas (a maioria com três propostas em cada, o que deixou o candidato cansado e sem paciência) e com questões que fazem o aluno refletir sobre o idioma, não mais apenas saber “decorada” a nomenclatura gramatical. No entanto, pelo que tenho percebido, essa é proposta de concursos públicos de hoje, o que nos faz refletir sobre nossas concepções de Língua Portuguesa: devemos perceber nosso idioma como ferramenta comunicativa, saber como se constroem as estruturas lingüísticas não apenas pela nomenclatura, mas na produção de sentido que essas construções podem fazer (aquela nossa velha discussão inicial de nossas aulas, lembram?!). Abraço a todos!



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